Dia das Mães: mulheres de sucesso falam sobre os desafios de empreender e criar os filhos ao mesmo tempo – Pequenas Empresas Grandes Negócios

Dia das Mães: mulheres de sucesso falam sobre os desafios de empreender e criar os filhos ao mesmo tempo – Pequenas Empresas Grandes Negócios

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Ter mais tempo para cuidar dos filhos é uma das principais motivações de mães que decidem empreender. No entanto, a tarefa não é nem um pouco simples, pois uma nova empresa requer tanta atenção quanto uma criança em desenvolvimento. Segundo um estudo da Rede Mulher Empreendedora (RME), para 87% das mulheres empreendedoras, a motivação para empreender e buscar independência é justamente ter mais tempo no cuidado dos filhos e família.

Rachel Maia, fundadora da RM Consulting e conselheira administrativa da Vale, Banco do Brasil, CVC & Grupo Soma e seus filhos (Foto: Divulgação)

Rachel Maia, fundadora da RM Consulting e conselheira administrativa de Vale, Banco do Brasil, CVC e Grupo Soma, com os filhos Sarah Maria e Pedro Antônio (Foto: Acervo pessoal)

Segundo um levantamento do Sebrae, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), referente ao último trimestre do ano passado, mais de 10,1 milhões de negócios no país são comandados por mulheres, pouco mais de um terço (34%) do total.

Um dado da RME mostra que 52% das empreendedoras brasileiras — mais da metade —são mães. Segundo o mesmo instituto, durante a pandemia, 54% dos negócios comandados por mães empreendedoras foram impactados pelo fechamento das escolas. Já 51% dos pais empreendedores não sofreram nenhuma implicação. Isso também se refletiu na organização do tempo entre trabalho e família, que afetou 17% das mulheres empreendedoras, contra 8% dos homens. Ou seja, o que já era difícil, ficou ainda mais desafiador.

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Neste Dia das Mães, PEGN ouviu dez empreendedoras de sucesso, que também são mães, para entender quais são os maiores desafios ao encarar essa jornada múltipla. Confira e inspire-se:

Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta

Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta (Foto: Acervo pessoal)

Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta, com a filha Clara (Foto: Acervo pessoal)

“O meu maior desafio de ser empreendedora e mãe ao mesmo tempo é vencer diariamente a culpa de não ter tempo para dedicar à educação da minha filha e, ao mesmo tempo, fazer o negócio crescer. Ambos precisam de energia, tempo e dedicação. Me sinto culpada por, em muitos momentos, estar pouco tempo ao lado da minha filhota. Eu não tive e não tenho o privilégio de me dedicar integralmente à tarefa materna. Por outro lado, tive o apoio de outras mães, como minha própria mãe e minha avó, para me apoiar tanto na jornada materna como na jornada de gestação dos meus negócios. Essa rede de apoio incondicional foi fundamental para que minha filha crescesse com saúde, afeto e carinho e que meus negócios prosperassem.”

Rachel Maia, fundadora da RM Consulting e conselheira administrativa de Vale, Banco do Brasil, CVC e Grupo Soma

Rachel Maia, fundadora da RM Consulting e conselheira administrativa da Vale, Banco do Brasil, CVC & Grupo Soma (Foto: Divulgação)

Rachel Maia, fundadora da RM Consulting e conselheira administrativa de Vale, Banco do Brasil, CVC e Grupo Soma com os filhos Sarah Maria e Pedro Antônio (Foto: Acervo pessoal)

“Ser mãe, mulher e empreendedora é um desafio, porque nós nos cobramos tanto, que queremos ser 100% em todas as nossas áreas da vida. Porém, a vida é um eterno equilibrar de pratos. Você precisa saber qual prato precisa de mais impulso para continuar rodando. Caso um caia, é só pegar um novo e colocar para rodar novamente. E aprender com o erro daquele que caiu. Não se cobre demais, seja a mulher empreendedora quando estiver no trabalho e dedique-se, esteja presente naquele momento. Quando estiver com seus filhos, esteja com eles com a mesma dedicação, aproveitando cada sorriso, cada brincadeira. Somos fortes, podemos ser mãe, empreendedora, podemos ser aquilo que quisermos, somos nós que determinamos nosso lugar.”

Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi

Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi (Foto: Divulgação)

Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi (Foto: Divulgação)

“Ser mãe é, sem dúvida, um dos melhores presentes da vida. Amo ser mãe dos meus dois filhos, Luisa e Augusto, bem como também amo os meus desafios no campo profissional, exercendo a presidência da Bibi hoje. Por melhor que seja a organização da minha agenda profissional e de cada filho, é importante ter a consciência de que não sou perfeita e que ter uma rede de apoio é fundamental para o nosso equilíbrio e felicidade. Quando meu segundo filho nasceu, eu era diretora e sempre fui workaholic. Imaginei que me integraria mais rapidamente ao trabalho, baseado na experiência com minha primeira filha. Porém, o Augusto contraiu uma bronquiolite aos 16 dias de vida, retornou ao hospital e ficou nove dias internado em uma UTI pediátrica. Viver aquele susto me fez repensar a vida, para, sem culpa e ansiedade, poder viver cada dia um dia melhor.”

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Brunna Farizel, VP da rede de franquias Splash Bebidas Urbanas

Brunna Farizel, VP da rede de franquias Splash Bebidas Urbanas (Foto: Acervo pessoal)

Brunna Farizel, VP da rede de franquias Splash Bebidas Urbanas, com Sophia e Helena (Foto: Acervo pessoal)

“A nossa empresa nasceu, praticamente, com a minha primeira filha Helena, hoje com 4 anos. E todo negócio, principalmente na fase inicial, demanda tanto quanto um filho em crescimento. Sou mãe também da Sophia, de 2 anos, e considero a empresa como a terceira integrante dessa família. Equilibrar o dia a dia de crianças pequenas com um negócio que também está evoluindo não é fácil, então acredito que esse seja o principal desafio de toda mãe empreendedora. A maturidade que a maternidade me trouxe também teve um papel positivo nessa trajetória e nos resultados do negócio: não temos respostas prontas, mas estamos sempre em alerta para as mudanças e reagimos rápido a qualquer imprevisto. Nos antecipamos aos problemas e temos maior flexibilidade e jogo de cintura para encará-los. Com os negócios, funciona da mesma forma, e aplicar essas lições da maternidade na estratégia do meu negócio tem me ajudado muito. Outro ponto que pode ser destacado é a consciência de que nós, como mães, também precisamos de cuidado, principalmente diante de tanta entrega. Manter a mente e o corpo saudáveis e ter tempo de qualidade, sem deixar de olhar para si mesma, pode fazer toda a diferença não só para a empresa e os filhos, mas também para todos que estão ao seu redor.”

Cleusa Maria da Silva, CEO e fundadora da Sodiê Doces

Cleusa Maria da Silva, CEO e fundadora da Sodiê Doces (Foto: Acervo pessoal)

Cleusa Maria da Silva, CEO e fundadora da Sodiê Doces, com os filhos Diego e Sofia (Foto: Acervo pessoal)

“No início, tive que ter muita persistência, trabalhei muito e precisei aprender a equilibrar o cuidado com o meu filho e o meu negócio. Nessa época ouvi de tudo, gente dizendo que não ia dar certo, que tinha enlouquecido, que não ia conseguir conciliar minha família com o negócio. Trabalhei muito, virei noites fazendo bolos, foi um grande desafio, principalmente na hora de administrar o cuidado com meu filho. Perdi as contas de quantas vezes trabalhava com ele, ao meu lado, sentado na cadeirinha.
Mesmo assim, meus filhos sempre foram minha maior motivação, tanto que o nome Sodiê vem da junção das iniciais deles: Sofia e Diego. A história de mães que empreendem é sinônimo de luta pela sobrevivência, por uma vida melhor para a família. Não foi sorte, foi trabalho, dia após dia. Nunca me vitimizei, sempre acreditei na minha força. Toda mulher que persiste e batalha pelo que quer, pode chegar lá.”

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Luciana Piquet, CEO do SPA Express

Luciana Piquet, CEO do SPA Express (Foto: Acervo pessoal)

Luciana Piquet, CEO do SPA Express, com sua filha Isabela (Foto: Acervo pessoal)

“Eu comecei a empreender muito jovem, aos 23 anos de idade. Me permiti errar muito até acertar. Quando assumi o desafio da maternidade, quase 10 anos depois, eu já me sentia mais madura para tomar essa decisão. E me refiro a essa maturidade quando entendo que conciliar a minha vida profissional com a maternidade requer sabedoria para aceitar as minhas vulnerabilidades. Saber que posso ser inspiração para minha filha por meio do exemplo e ter consciência da importância da qualidade do meu tempo quando estou com ela me permitem dividir estas funções com menos culpa, pois, para uma mãe, esta culpa é inevitável. Mas a forma como aprendemos a lidar com isso é o que fará a diferença nas nossas vidas. Vivo intensamente esses dois mundos com dedicação e amor.”
 

Natalia Martins, CEO do NB Group

Natalia Martins, CEO do NB Group (Foto: Acervo pessoal)

Natalia Martins, CEO do NB Group, com Júlia e Bela (Foto: Acervo pessoal)

“A maternidade não pode vir acompanhada por culpa ou julgamentos. Se sou uma boa mãe é porque sou uma mulher, acima de tudo, realizada e feliz. Quero que minhas meninas vejam a mãe delas voar muito alto para que possam trilhar esse caminho, assim como eu. Posso dizer que minhas filhas não me impedem de concretizar meus sonhos, pelo contrário, são meus combustíveis para que eles se concretizem.”

Ana Paula Xongani, CEO do Ateliê Xongani

Ana Paula Xongani, CEO do Ateliê Xongani (Foto: Acervo pessoal)

Ana Paula Xongani, CEO do Ateliê Xongani, com a filha Ayoluwa (Foto: Acervo pessoal)

“O maior desafio de ser mãe empreendedora, é você perceber que não tem nenhuma instância, qualquer suporte, nenhum tipo de política pública, garantia de direitos mínimos que por mais imaturo que seja, já foram conquistados em setores privados. Por exemplo, licença-maternidade, o direito de amamentar em qualquer lugar, o direito de poder se ausentar por uma questão de saúde física ou mental, sua ou do seu filho. Empreender e ser mãe é se colocar em total risco, e sabemos que esses riscos são pouco vistos porque a maioria das empreendedoras do Brasil são mulheres negras. Enquanto ainda reforçarmos a ideia de que essas mulheres precisam necessariamente estar em um lugar de força, resistência, batalha, lutas e sofrimento, não conseguiremos pensar em caminhos na nossa sociedade para garantir o empreendedorismo no Brasil para mães. A maioria das mães empreendedoras, além de ter uma enorme sobrecarga nas suas funções de trabalho, carregam em si um grande medo também, de adoecer, de faltar, medo de não estar dedicada ao trabalho por qualquer motivo, porque se essa pressão já existe em mulheres de modo geral, imagine de mulheres mães empreendedoras, onde o sustento do seu empreendedorismo não é só para si, mas também para os seus filhos.”

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Natiele Krasmann, cofundadora da rede de franquias Criamigos

Natiele Krasmann, cofundadora da rede de franquias Criamigos (Foto: Acervo pessoal)

Natiele Krasmann, cofundadora da rede de franquias Criamigos, com Julia e Bibiana (Foto: Acervo pessoal)

“O maior desafio de conciliar maternidade e empreendedorismo é, sem dúvida, a gestão do tempo e os julgamentos. As mulheres lidam com múltiplas tarefas, diversos papéis, o que é muito desafiador e exaustivo. Durante a pandemia, muitas mães (eu inclusive), tivemos de acumular mais um papel: o de professora dos filhos. Eu sempre busco mostrar para minhas filhas que sou feliz trabalhando, acho que colocar um peso sobre o trabalho não é certo. Tento transmitir que sou realizada profissionalmente e espero que elas também sejam no futuro. Empreender é um desafio, pois são muitas dúvidas e, na maioria das vezes, não temos as respostas. Na maternidade, também não temos as respostas, precisamos ir descobrindo, testando e tentando errar menos. O empreendedorismo e a maternidade têm em comum o querer errar menos. Porque a gente vai errar, tanto num como no outro.”

Viviane Elias, cofundadora da PlurieBr e CPIO da 99jobs

Viviane Elias, co-fundadora da PlurieBr e CPIO da 99jobs  (Foto: Acervo pessoal)

Viviane Elias, cofundadora da PlurieBr e CPIO da 99jobs (Foto: Acervo pessoal)

“Poucas pessoas sabem que uma das palavras semelhantes a desafio é estímulo. Portanto, na minha concepção, ser mãe, C-level, cofundadora de uma edtech de diversidade e inclusão trata-se de estímulo. Estímulo para continuar lutando por um mundo mais igualitário para meu filho e todo o futuro de uma geração diversa, que precisa ter a chance de inclusão. Estímulo para conseguir servir de referência para uma geração de mãe, negras, periféricas que foram rotuladas sobre o seu futuro de forma incorreta a sua vida inteira. Estímulo para honrar toda uma ancestralidade de mulheres negras que lutaram muito no passado para que, hoje, no presente, eu tivesse aliados na construção de um futuro inclusivo. Estímulo para ajudar que os outros significados ruins da palavra ‘desafio’ sejam minimizados ao máximo para todas as mulheres diversas deste país.”

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